José Maria Neves
Primero-ministro de Cabo Verde
Diplomacy / Cabo Verde
“Liderando a transformação”
Qual é o balanço que faz da actual situação económica de Cabo Verde ?
Ao longo dos anos mais recentes, a economia cabo-verdiana tem registado um crescimento admirável – sempre num ambiente de sustentabilidade –, e quando a actual crise financeira internacional chegou em força a todos os mercados, Cabo Verde estava preparado. Apesar da crise internacional, temos registado um elevado desenvolvimento económico, com um crescimento anual médio de 6% e mantendo a inflação em níveis baixos. Isso é o resultado de um ambicioso programa de transformação de Cabo Verde, definindo claramente uma visão e uma estratégia para o país. Logo em 2008, quando a crise se instalou, tomámos medidas que nos permitiram antecipar cenários negativos.
O Governo de Cabo Verde fez um grande esforço de infraestruturação do país. Que medidas foram tomadas?
Temos em curso um ambicioso programa de investimentos públicos para a modernização de infraestruturas e de apoio aos sectores mais carenciados da sociedade. Investimos nas estradas, nos portos, nos aeroportos, na água e saneamento, na electricidade, nas telecomunicações. Estamos com um ambicioso programa de desenvolvimento de capital humano e com um programa de fomento do desenvolvimento empresarial para podermos densificar o sector privado do país.
Graças a uma boa gestão das finanças públicas, estamos em condições de manter estes programas essenciais para o progresso e bemestar de todos
os caboverdianos, independentemente do ambiente de crise que se vive internacionalmente.
Quais são os principais pilares de desenvolvi- mento da economia de Cabo Verde?
Todos os nossos objectivos estão totalmente definidos e mantêmse firmes. A nossa estratégia é de transformar Cabo Verde num centro internacional de prestação de serviços, sendo o turismo um dos motores deste processo de transformação. O nosso turismo chegou a registar um crescimento médio anual de 25%. Neste momento, e mesmo tendo em conta a recessão resultante da crise internacional, o turismo caboverdiano acusa o mesmo ritmo de crescimento em termos de entrada de turistas.
Como avalancar de maneira efectiva a localização estratégica de Cabo Verde ?
Cabo Verde pode ser uma porta de entrada no continente africano e uma plataforma logística no domínio dos transportes, no sector das pescas e no campo das indústrias ligeiras orientadas para a exportação. Em paralelo, Cabo Verde tem condições muito estimulantes para o desenvolvimento do sistema financeiro, para o desenvolvimento de tecnologias informacionais e para o crescimento das economias criativas – com um grande potencial cultural, particularmente no domínio da música. O país oferece grandes oportunidades de investimento também em sectores como a banca, a hotelaria, a saúde e as pescas. São factores essen- ciais ao desenvolvimento do país e para os quais existem excelentes condições de investimento para parceiros de qualquer parte do mundo.
Quais foram as razões que o levaram a entrar na vida política?
O que me motivou foi a constatação das necessidades do meu país em termos de pobreza, de grandes desigualdades sociais, no fundo, de mui- tas injustiças. Alimentei o meu sonho de contribuir para que os cabo-verdianos vivam melhor e com mais dignidade. A política só vale a pena quando é feita com nobreza, tolerância e responsabilidade, tendo sempre como sentido ético servir o bem comum.